segunda-feira, 30 de março de 2015

Do tamanho que a gente quer

Do tamanho que a gente quer

Tarde quente na Ema. Procurava eu pelo Dino, guia Kalunga e grande amigo, quando passei pela casa de D. Leó para ter notícias dele e para pedir a benção da velha matriarca.
Lá chegando, fui entrando e, como de costume, havia visitas. Desta feita era o Véi Vito com seus 102 anos, morador do Vão de Almas, bem próximo à cachoeira final do Custa-me-ver, no Rio Almas, neste local denominado pelos Kalunga de Rio Branco.
Após muita prosa, café com rapadura e mintira, um delicioso bolinho frito de polvilho e ovos caipira, o tempo fecha, escurecendo o céu.

Os dois velhos levaram a prosa para a tempestade que estava prestes a cair.

O Véi Vito então disse: “Ô Lió ! Aqui nesse mundo eu só tenho medo de rai!
Ela respondeu: Eu tenho medo de rai e de chuva de barui. Tamém tenho medo da escravidão. Nóis num alcançô, mas minha mãe me contô  cumo era!!!

E finalizou com um sorriso : “Mas tem nada não, Véi Vito ! A raiva e o medo é do tamanho qui a gente qué!


Em meio a trovões, esperamos a chuva passar conversando e tomando “café de duas mão” (1).


(1) Café acompanhado por uma quitanda.

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