Religião
Reunião
sobre Religiosidade Afro-Brasileira no I Encontro Afro-goiano, na Cidade de
Goiás, em maio de 2004.
Presentes,
diversos doutores e mestres afro-brasileiros de universidades de todo o país,
muitos deles vestidos com roupas afro-religiosas e também representantes do
Candomblé e da Umbanda.
Também
presentes, representantes de diversas comunidades afro-brasileiras, quilombolas
ou não, representantes do Sebrae/GO, de governos municipais, estaduais e
federal.
Presentes,
representantes da Comunidade Kalunga, que viajaram um trecho de mula e outro de
ônibus do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, no Nordeste Goiano, à
cidade de Goiás.
Na
ocasião, tive o prazer aceitar a missão de organizar e acompanhar o grupo.
Muito
foi falado a respeito das religiões afro-brasileiras. O vocabulário utilizado
pelos palestrantes, sempre de difícil compreensão para os Kalunga, ficou ainda
mais complicado com o uso de palavras de origem africana ligada à religião,
como Ogum, Oxumaré, Iemanjá, Orixás.
Os
Kalunga ouviam tudo, mas não se interessavam muito pelo tema.
Num
dado momento, o palestrante disse que gostaria de saber como era a religiosidade
afro-brasileira no Sítio Kalunga.
Foi
então que, “Seu” Augusto, velho Kalunga, alto e garboso, com sua voz grave,
disse: “Eu tava isperando o sinhô
perguntá! Lá no Kalunga não tem nada disso que cêis tão falando não! Num tem
oxum, num tem guludum!
Lá no Kalunga tem Jesus, Maria e José,
tem São João, São Gonçalo e São Sebastião, Nossa Senhora Aparecida, Nossa
Senhora do Livramento, Nossa Senhora das Neves e, principalmente, tem a Nossa
Senhora d’Abadia, que nos abençoe a todos”.
Sem eles, num tem tradição, num tem
cultura e nem comunidade Kalunga.
Sem os santo, o Kalunga não existe!
E
continuou: “Agora cêis dão licença que
nóis vai conhecê a cidade que os escravo construiu !”
Todos
da comunidade o seguiram, inclusive eu.
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