segunda-feira, 14 de março de 2016

Religião



Religião 



Reunião sobre Religiosidade Afro-Brasileira no I Encontro Afro-goiano, na Cidade de Goiás, em maio de 2004.
Presentes, diversos doutores e mestres afro-brasileiros de universidades de todo o país, muitos deles vestidos com roupas afro-religiosas e também representantes do Candomblé e da Umbanda.
Também presentes, representantes de diversas comunidades afro-brasileiras, quilombolas ou não, representantes do Sebrae/GO, de governos municipais, estaduais e federal.
Presentes, representantes da Comunidade Kalunga, que viajaram um trecho de mula e outro de ônibus do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, no Nordeste Goiano, à cidade de Goiás.
Na ocasião, tive o prazer aceitar a missão de organizar e acompanhar o grupo.


Muito foi falado a respeito das religiões afro-brasileiras. O vocabulário utilizado pelos palestrantes, sempre de difícil compreensão para os Kalunga, ficou ainda mais complicado com o uso de palavras de origem africana ligada à religião, como Ogum, Oxumaré, Iemanjá, Orixás.

Os Kalunga ouviam tudo, mas não se interessavam muito pelo tema.
Num dado momento, o palestrante disse que gostaria de saber como era a religiosidade afro-brasileira no Sítio Kalunga.

Foi então que, “Seu” Augusto, velho Kalunga, alto e garboso, com sua voz grave, disse: “Eu tava isperando o sinhô perguntá! Lá no Kalunga não tem nada disso que cêis tão falando não! Num tem oxum, num tem guludum!
Lá no Kalunga tem Jesus, Maria e José, tem São João, São Gonçalo e São Sebastião, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Livramento, Nossa Senhora das Neves e, principalmente, tem a Nossa Senhora d’Abadia, que nos abençoe a todos”.
Sem eles, num tem tradição, num tem cultura e nem comunidade Kalunga.
Sem os santo, o Kalunga não existe!

E continuou: “Agora cêis dão licença que nóis vai conhecê a cidade que os escravo construiu !”


Todos da comunidade o seguiram, inclusive eu.

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